Cerimônia de premiação trouxe uma análise dos desafios da educação, a apresentação de estratégias para criar um projecto de educação com impacto e a importância de implementar avaliações sistemáticas.
Construir uma sociedade com menos desigualdades no contexto contemporâneo requer identificar os privilégios e trabalhar por equidade. Esse esforço envolve necessariamente melhores práticas na educação. O #Nem1SemProfessor foi criado para reunir iniciativas que evidenciem que a sociedade valoriza, respeita e promove a educação e a carreira docente. Esse propósito alinha-se com o que presenciamos na cerimônia do Prémio Sonae 2024:
O ex-ministro da educação e professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, David Justino apresentou aos presentes um panorama da educação no país.
Trecho capturado durante a transmissão do Público e disponível na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=3TQ4ucSTSGI
Há uma percepção de que, para além de elogiar o papel dos professores, é necessário garantir condições para que a escola e os docentes sejam mais valorizados socialmente e respeitados. Essa valorização não depende apenas de discursos, mas de medidas concretas para elevar a profissão.
Premiar, dar meios materiais, apoiar projetos que promovam excelência na educação, é sem dúvida, uma medida concreta, porém há mais a ser feito e outros atores sociais estão envolvidos.
David Justino alertou para a proletarização dos professores, que afeta não só a remuneração, mas o status social da profissão em comparação com outras carreiras de relevância.
A falta de professores é apenas o lado numérico, o mais óbvio dos desafios que a educação precisa enfrentar. Contudo, essa emergência não pode ser solucionada com falta de seletividade no recrutamento, compromentendo a qualidade do aprendizado. O professor destacou ainda que a formação inicial de professores também passou por uma deterioração e que é necessário qualificação para atrair e preparar melhor os profissionais.
Muito se fala da qualidade do ensino, contudo a preocupação deveria ser a qualidade da aprendizagem:
Trecho capturado durante a transmissão do Público e disponível na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=3TQ4ucSTSGI
David também ressaltou que estudos como os desenvolvidos pelas neurociências devem ser usados para entender melhor o aprendizado dos alunos, ainda mais em um contexto de complexidade social advinda da diversidade cultural e de novos fluxos migratórios. Como já havia dito ao #Nem1SemProfessor no início do mês: Não conheço uma pessoa ignorante que seja competente.
David repetiu: é preciso valorizar o conhecimento no currículo para formar pessoas competentes e cultas. Temos muita informação para pouco conhecimento.
Trecho capturado durante a transmissão do Público e disponível na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=3TQ4ucSTSGI
A respeito da tecnologia, David destacou que não resolve ter equipamentos em escolas que não têm estrutura, não tem rede. Além disso, a tecnologia não pode ser demonizada, nem adotada sem restrições, como solução para tudo, todavia, deve ser implementada com estratégia, como ferramenta para alunos habilitados a fazer associações temáticas, articulação de ideias, questionamentos.
Por fim, é enfatizada a necessidade de construir um novo perfil de professor, apoiado por uma formação inicial e contínua sólida, de promover a profissionalização e o reconhecimento social e econômico da docência.
A educação em Portugal avançou consideravelmente nas últimas décadas, com reduções significativas nas taxas de abandono escolar e melhorias nas infraestruturas e na escolaridade média, mas ainda enfrenta desafios fundamentais para continuar progredindo.
Quem pretende ter um projeto de sucesso na área de educação, precisa estar atento a como aferir seus resultados. Neste campo, Paulo Teixeira, sociólogo e especialista em avaliação de impacto, agregou com sua apresentação sobre como desenvolver projetos com impactos mensuráveis. O que é preciso avaliar? De que modo?
Trecho capturado durante a transmissão do Público e disponível na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=3TQ4ucSTSGI
Paulo ressaltou a importância de discutir conceitos e ter uma linguagem comum ao determinar os indicadores de impacto, de definir uma abordagem sistêmica na avaliação, eleger metodologias e etapas para desenhar a avaliação de impacto em um projeto.
"O que é preciso para que um projeto tenha impacto?" foi o tema que norteou a conversa com Pedro Freitas (Nova SBE, Universidade de Oxford); Assunção Flores (Universidade do Minho); Nuno Comando (Casa do Impacto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa), moderado pela jornalista Andreia Sanches.
A moderadora destacou as conquistas do país em manter os jovens na escola e o desafio do impato das desigualdades nas aprendizagens. Ao questionar os convidados sobre como um projeto pode ganhar escala, por adaptar-se a geografias e a contextos, Andreia obteve como resposta de Pedro Freitas que é preciso perceber que existem muitos projetos de educação, mas os dados de aprendizagem estão estagnados, porque há problemas de implementação. É preciso prever a qualidade de cada uma das interações previstas no desenho dos projetos, tendo em vista que os microdetalhes do contexto e da implementação é que garantem o impacto. Esses detalhes, ao escalar um projeto, podem perder-se, o que compromete os resultados. Nuno Comando explicou que mesmo uma boa ideia pode começar de um lugar de privilégio em que não se conhece de fato o chão da escola, os professores, o que os rodeia. Assim, por conhecer o contexto, é possível desenhar um projeto com variações que permitam adaptar-se onde pretende-se intervir. Assunção Flores destacou o protagonismo de professores e alunos para construir o sentido e a mais-valia dos projetos.
Trecho capturado durante a transmissão do Público e disponível na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=3TQ4ucSTSGI
O evento trouxe cases de projetos de sucesso e o depoimento dos dois últimos vencedores do prémio Sonae. O #Nem1SemProfessor trouxe esse resumo para o Panorama da Educação, mas há muito mais a ser assistido se assim o quiser. A programação está disponivel na íntegra no site do Jornal Público, através do link https://www.youtube.com/watch?v=3TQ4ucSTSGI.
Essa plataforma é parte da investigação “Nas redes pela educação: comunicação estratégica a serviço da cidadania”, financiado por fundos da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior da República Portuguesa., no âmbito do projeto 2023.01746.BD.
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