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Foto do escritorAline Veroneze

QUE ALTERNATIVAS SURGEM COM A ANÁLISE DOS DADOS SOBRE A EDUCAÇÃO? - COM ISABEL FLORES

Atualizado: 9 de out.



Isabel Flores do IPPS- ICSTE apresenta dados da educação em Portugal.

Em 2019 ela já anunciava a falta de professores que assolaria o país. Tornou-se Diretora Executiva do Instituto Para as Políticas Públicas e Sociais, representante do Ministério da Educação, analisou todos os dados sobre a docência e tem um veredicto: a mudança positiva não vem no tempo em que queremos nem que precisamos. Contudo, essa pode ser a janela de oportunidade que Portugal precisava para construir um novo modelo de escola pública.


Há alguns anos dizia-se que Portugal tinha professores a mais. Hoje faltam docentes e há uma grave crise anunciada para os próximos anos. Que história esses números contam?


Na década de noventa houve um grande ingresso de professores no ensino público português. Os jovens concursados à época são hoje aqueles que estão à beira da reforma. Nesse intervalo, quem tinha vocação para a sala de aula e optou por essa formação, simplesmente não conseguia emprego. As vagas estariam preenchidas por pelo menos três décadas... Assim, a lei da oferta e da procura no sistema público de educação acabou por resultar em cada vez menos cursos de formação e menos jovens a fazer essa opção.


Além dessa escassez de oportunidade na docência, o crescimento de empresas que procuraram os licenciados tirou do mercado muitos alunos que se formaram em matemática, biologia e outras disciplinas que tradicionalmente eram destinados às escolas.


Os números não mentem, mas não contam tudo. Eles apontam que temos a quantidade de professores suficiente para preencher todas as vagas, a questão é que não representam a disponibilidade das pessoas em aceitar pequenas cargas horárias, longe de casa e viverem na incerteza eterna de contratos.

Entender isso ajuda a construir possíveis soluções, como explica Isabel:


Entrevista concedida em 25 de setembro de 2024


Outro dado que agravou a crise foi a criação de disciplinas que aumentam a demanda por novos docentes. A situação só não é pior porque o número de alunos não tem uma curva tão ascendente.


Mas o #Nem1SemProfessor está em busca de boas notícias, então provocamos: resultará se dermos incentivo para os jovens correrem às formações para a docência?

A resposta: a médio prazo, sim, mas a curto prazo, não. As universidades do país estão sem capacidade de formação. Um dos motivos é falta de docentes nessa área:



Entrevista concedida em 25 de setembro de 2024


Outra dificuldade é que, mesmo com a alta demanda, o mestrado que daria acesso às salas de aula podem não ser interessantes para as universidades:


Entrevista concedida em 25 de setembro de 2024


Isabel acredita que medida que melhor resultará nos próximos dois ou três anos é o apoio financeiro a estudantes para dedicare-se à via do ensino, mas muitos deles encontrarão as portas fechadas nas universidades:





Portanto, em um contexto em que a falta de professores a curto prazo é inevitável e que mesmo as soluções a médio prazo já estão a ser construídas em atraso, perguntamos:


Será que não é a oportunidade para criar a escola portuguesa do futuro, com as disciplinas necessárias ao desenvolvimento das competências essenciais ao contexto moderno?

Isabel Flores concorda: abrir as escolas a outros profissionais poderia possibilitar que os recursos humanos atuais fossem melhor utilizados e mais valorizados. Integrar a sociedade na causa da educação traria novos ares para a comunidade escolar.



Entrevista concedida em 25 de setembro de 2024


Entretanto, essa abertura das escolas esbarra, por exemplo, na aceitação dos sindicatos. Outras medidas também encontram resistência de setores da comunidade escolar. De modo que a discussão em sociedade é essencial para a implementação de mudanças. Isabel reconhece ainda que a formulação de políticas públicas é um processo lento que não anda no mesmo compasso das demandas sociais.



Ao futuro da educação no país interessa que toda a sociedade participe da contrução de uma visão mais positiva da docência e da construção de um contexto em que seja possível lecionar - e viver - com qualidade.


Essa plataforma é parte da investigação “Nas redes pela educação: comunicação estratégica a serviço da cidadania”, financiado por fundos da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior da República Portuguesa., no âmbito do projeto 2023.01746.BD.



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